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Economia circular do plástico: as tendências com foco nas embalagens

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Autores defendem que é preciso pensar na reciclagem desde a concepção de uma embalagem, para que ela realmente se integre numa economia circular com várias vidas úteis

Por Fabrício Soto e Alejandro Bossio*

Reciclagem mecânica, química, balanço de massa, logística reversa, circularidade. Estes conceitos têm como objetivo comum a busca por caminhos para tornar o plástico mais sustentável, contribuindo para o seu uso mais eficiente e a efetiva inserção do material na economia circular. Assim, ele não será descartado a cada uso, encerrando uma única jornada nos aterros ou no meio ambiente, e poderá retornar diversas vezes para a economia.

Sabemos que os plásticos têm papel essencial para embalagens, seja na preservação dos alimentos, nas aplicações médicas e farmacêuticas, na armazenagem e transporte seguros de produtos diversos. Atualmente, mais de 33% das embalagens são de plástico, segundo estudo da
Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). Além disso, mais 33% do consumo total dos plásticos é voltado para embalagens, conforme dados do IBGE, sendo grande parte para único uso, ou de vida curta em aplicações para as indústrias de alimentos, bebidas, perfumaria, higiene, limpeza, farmacêuticos e descartáveis.

A boa notícia é que a jornada da economia circular está se tornando cada vez mais robusta e fortalecida. Esse foi, inclusive, o tema central durante a
K Fair de 2022, a principal feira voltada ao universo dos plásticos que é realizada anualmente na Alemanha. Nosso grande aprendizado é saber que não vamos avançar ou conseguir fazer acontecer sem a união, o trabalho colaborativo de todos esses elos da cadeia de valor. Essa sinergia é essencial.

Dados de 2021 apontam que 23% dos resíduos plásticos pós-consumo foram reciclados no país. O mesmo estudo, encomendado pelo
Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, indica que houve ainda um incremento de 14,3% na produção de plástico reciclado pós-consumo, chegando a mais de 1 milhão de toneladas. E cada 1 tonelada de material reciclado produzido reduz a média de 1,1 tonelada de resíduo plástico disposto em aterro, com o ganho adicional de gerar trabalho para 3,16 catadores que recolhem esse volume de material no mês, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

Sabemos que a reciclagem é uma das soluções mais importantes para enfrentar os desafios do resíduo plástico. Melhorar a qualidade do reciclado, com a separação adequada dos tipos de polímeros, a limpeza que realmente retire todos os resíduos e contaminantes, e finalmente usar tecnologias que agreguem na qualidade do plástico como, por exemplo, a coloração adequada e preservação de suas propriedades mecânicas, tornando o reciclado apto a novas aplicações, são passos fundamentais da reciclagem mecânica. Outra tendência importante é o desenvolvimento de materiais reciclados que tenham reciclabilidade no futuro, ou seja, precisamos pensar na reciclagem desde a concepção de uma embalagem, para que ela realmente se integre numa economia circular com várias vidas úteis.

A reciclagem avançada, conhecida como reciclagem química, também tem sido foco de pesquisa de muitas empresas e deve evoluir muito no médio prazo. Um dos desafios é garantir que o resultado do processo seja sempre igual, siga um padrão. Na
BASF, por exemplo, já estão disponíveis uma série de produtos com o selo Ccycled®, que usa o equilíbrio de massa para a fabricação de novos materiais, como a poliamida flexível, voltada para embalagem de alimentos. A reciclagem química utiliza resíduos plásticos de reciclagem desafiadora, como pneus em fim de vida ou embalagens domésticas mistas, e retorna a matéria-prima reciclada para alimentar o início da produção, fazendo a substituição parcial ou total de insumos de origem fóssil. São resultados muito promissores que contribuem ainda para a redução da pegada de carbono dos produtos.

Podemos até questionar: a reciclagem avançada vai substituir a 
mecânica? Acreditamos que não e que elas devem coexistir no futuro, pois são soluções complementares. Apesar da evolução que certamente virá para a reciclagem química, a mecânica vai continuar ocupando um lugar muito importante para avançarmos na direção da reciclabilidade dos materiais. Ela também vence alguns obstáculos importantes, como a questão logística, que tem grande impacto num país de dimensões continentais como o nosso.

Enfim, acreditamos que tenhamos na América do Sul diferenciais competitivos muito interessantes em relação à economia circular das 
embalagens, por conta da nossa matriz energética majoritariamente de fonte renovável e pela possibilidade de fazer com que a reciclagem avance muito rápido, tanto pela amplitude das oportunidades de negócios como pelo engajamento de cada elo da cadeia.


**As opiniões expressas e os dados apresentados em artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento dos editores do Conecta Verde.


Conteúdo por:

*Fabrício Soto é engenheiro químico e diretor de Químicos de Performance da BASF América do Sul. *Alejandro Bossio é engenheiro químico e diretor de Monômeros da BASF América do Sul.

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