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Conecta Verde

Startups de logística reversa: um trabalho dedicado a impulsionar as taxas de reciclagem no país

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Saiba mais sobre a atuação da so+ma, Green Mining, Yattó e iWrc

Por Elen Nunes e Flavius Deliberalli

O VITRINE é o espaço dentro do portal Conecta Verde dedicado a apresentar periodicamente – e com detalhes – produtos e embalagens disponíveis nos pontos-de-venda do Brasil que foram desenvolvidas de forma estratégica para exercer menos impacto no meio ambiente, além de demais iniciativas nesse sentido.

Nesta edição, você conhecerá mais sobre o trabalho das startups so+ma, Green Mining, Yattó e iWrc, que atuam para impulsionar as taxas de reciclagem no país.

A título de contexto, vale lembrar que segundo o panorama anual da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil atingiu, em 2022, a marca de 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidos. Entretanto, as taxas de reciclagem e reutilização de produtos não crescem na mesma proporção, isso porque somente 4% dos resíduos sólidos foram reciclados.

O mais preocupante é que embora os baixos índices de reciclagem apontem para uma necessidade emergencial de implantação de políticas públicas eficientes que garantam a coleta seletiva, cerca de 75% dos brasileiros não separam seus resíduos. Dessa forma, nesse contexto desafiador, startups de logística reversa figuram como elo importante dessa cadeia e atuam para ampliar as taxas de reciclagem no país através de ações para impactar positivamente o meio ambiente e valorizar o trabalho fundamental dos catadores e catadoras, que são responsáveis por quase 90% da coleta seletiva por aqui. E mais, promovendo benefícios aos cidadãos que separam e descartam corretamente seus resíduos.

Confira mais detalhes sobre estas startups:

so+ma
Fundada por Claudia Pires, cientista comportamental com mais de 25 anos de experiência em marketing, negócios e ESG, a so+ma se define como um programa de incentivo à reciclagem e à consciência ambiental na prática, unindo uma eficiente gestão de dados à intenção e a ação de reciclar. Ou seja, a ESG Tech explica que atua como um motor da mudança de comportamento ao auxiliar grandes empresas, escolas, fábricas, varejo e até mesmo outros países a colocarem em prática a economia circular e gerarem impactos sociais e ambientais positivos.

Por meio do programa so+ma vantagens, os participantes levam seus recicláveis aos pontos de coleta, se cadastram no programa, ganham créditos e trocam estes pontos por cursos, itens de alimentação e higiene. É possível ainda converter os créditos para instituições de caridade, caso o participante não queira trocar os créditos no momento.

Presente em São Paulo (SP), Salvador (BA), Camaçari (BA), Curitiba (PR), Campo Largo (PR) e Goiânia (GO), o programa já recebeu mais de 1,1 mil toneladas de resíduos apenas no ano de 2022, gerados por quase 21 mil famílias.

“A so+ma é uma ESG Tech que acredita na mudança de comportamento. É traduzir uma intenção em ação. No nosso caso, a reciclagem. Por meio do nosso aplicativo e tecnologia proprietária, a pessoa se cadastra, leva seus recicláveis para nossas casas so+ma e os troca por benefícios. Criamos uma metodologia baseada na economia comportamental e utilizamos a tecnologia para mapear os dados de consumo do participante. Assim, chegamos no impacto daquela atitude e o participante se engaja ao ver na prática o quanto gera de resíduo. Nossa tecnologia pode ser aplicada em empresas, escolas, cidades e em diversos setores”, detalha Claudia Pires, fundadora e CEO da so+ma.

Claudia Pires, fundadora e CEO da so+ma.

Green Mining
A Green Mining foi criada dentro do programa 100+ Accelerator, da Ambev, que foi lançado em 2018 para buscar soluções de melhorias na circularidade de embalagens por meio de conteúdo reciclado. Na época, Rodrigo Oliveira, Adriano Ferreira e Leandro Metropolo, sócios da startup, já atuavam com softwares de rastreabilidade com georeferenciamento de resíduos na construção civil. Sendo assim, este foi o ponto de partida para eles desenvolverem um sistema confiável para logística reversa inteligente de embalagens pós-consumo.

Atualmente a Green Mining consegue ofertar diversas soluções ao mercado. A primeira é o cumprimento da legislação, o artigo 33 da lei 12.305/2010, que impõe a fabricantes, importadores, distribuidores e comerciais a implantação e recuperação de embalagens pós-consumo, de forma independente do poder público. A startup reforça que contrata catadores, carroceiros e cooperados, cumprindo as leis CLT e garantindo compliance trabalhista aos clientes.

Outra solução da Green Mining é quanto ao aumento no volume de materiais reciclados para serem inseridos na cadeia produtiva do próprio cliente. Neste tipo de iniciativa, chamada de Projetos Circulares, a startup oferece apoio, inclusive, aos fabricantes de embalagens, para que tenham cada vez mais conteúdo reciclado nas embalagens dos clientes. Ou seja, trata-se do compromisso de envolver suas próprias cadeias produtivas no fomento à economia circular.

Por fim, um projeto bastante interessante da Green Mining é o Estação Preço de Fábrica, que compra, de quaisquer pessoas, embalagens pós-consumo, diferentemente de suas outras ações, onde realiza a coleta e logística reversa sem a compra dos materiais. O projeto surgiu para democratizar o acesso ao valor real do material, seja vidro, plástico PET, papel ou papelão, propondo valores que são pagos nas usinas de reciclagem graças à otimização de todo o processo: os materiais são vendidos na estação e encaminhados diretamente para usinas que fazem o processo de reciclagem.

“Nosso objetivo é mudar o mundo. Queremos oferecer ao mercado soluções inteligentes e eficientes de logística reversa, respeitando os trabalhadores envolvidos na cadeia e viabilizando que a indústria possa cumprir seu papel na responsabilidade compartilhada estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ou seja, atender e entregar valor de forma plena nos pilares ambiental, social e econômico”, explica Rodrigo Oliveira, presidente da Green Mining.

Rodrigo Oliveira, presidente da Green Mining.

Yattó
A startup oferece uma ampla variedade de opções para impulsionar a sustentabilidade empresarial. Desde consultoria personalizada até a estruturação de cadeias de economia circular para materiais de baixa reciclabilidade (plásticos flexíveis, PET colorido, cápsulas de café, PS e Big Bags, baldes de tinta e etc), que é realizado por meio do programa Yattó Transforma. Outras possibilidades oferecidas pela empresa são a gestão de programas circulares de resíduos e embalagens, auditorias e homologações de fornecedores e gestão de recursos naturais para diversos setores. E tudo isso suportado por uma rede de parceiros que abrange mais de 47 cooperativas de catadores em quatro estados brasileiros.

A respeito do Yattó Transforma, já foram recicladas 640 toneladas de resíduos, o que corresponde a mais de 1 bilhão de embalagens desviadas de lixões e aterros. Entre as marcas participantes do programa estão a Nestlé, Mars, Cargill, Ajinomoto e PepsiCo. Além disso, a startup informa que o programa já gerou mais de R$ 500 mil em renda adicional para as cooperativas de catadores. Agora, a expectativa é expandir a rede para englobar mais de 500 cooperativas presentes em todos os estados do Brasil e alcançar a marca de 20.000 toneladas de resíduos reciclados até 2025.

“Hoje percebo que o diferencial da Yattó está em reciclar materiais que geralmente são deixados de lado, abrangendo desde embalagens flexíveis até sobras de tintas e outros componentes complexos. Tudo isso é realizado de forma estruturada por meio de soluções de economia circular e logística reversa, estando vinculado às diretrizes ESG para grandes players do mercado. Compreendemos que é necessário ir além da compensação. Estamos desviando materiais que já estão em circulação de lixões e aterros, reduzindo a necessidade de extração de recursos ao investir na transformação com matérias-primas renováveis. Nosso objetivo é cuidar do ‘lixo do mundo’ ao colaborar com gigantes da indústria, que representam grande parte das embalagens pós-consumo. Nessa equação, todos saem ganhando: o consumidor, o meio ambiente, os agentes de reciclagem e a indústria. Talvez essa não seja uma fórmula tão secreta, mas tem se mostrado muito poderosa”, considera Luiz Grilo, co-fundador e diretor institucional e de novos negócios da Yattó.

A diretoria da Yattó (esq. p/ dir.): Leonardo Lopes (diretor de operações), Alexandre Galana Júnior (CEO) e Luiz Otávio Grilo (diretor institucional e de novos negócios). Foto de BenHur.

iWrc
Fundada em 2019 por Michael Maggio, a iWrc é uma plataforma para conectar cooperativas de reciclagem às empresas que transformam resíduos sólidos em recursos valiosos para a fabricação de novos produtos e/ou embalagens. A plataforma fornece também capacitação digital para cooperados e catadores autônomos, garantindo segurança, transparência e rastreabilidade e incentivando processos de colaboração e comercialização justos entre as partes, de forma a contribuir para uma economia circular socialmente responsável, que empodere os trabalhadores do setor de reciclagem através de mais dignidade no trabalho, aumentando a eficácia da cadeia de valor e garantindo eficiência de suprimentos dos materiais reciclados.

“Quando conheci o setor informal de reciclagem, me apaixonei por um grupo incrível de pessoas que vivem na linha da pobreza e passam seus dias entre o lixo que nós jogamos fora. Percebi que eles eram a primeira linha de defesa do meio ambiente, realizando uma tarefa que ninguém mais queria fazer, e eles faziam porque se não fizessem, ninguém mais faria. Eles servem a si mesmos servindo à comunidade, e agora eu os sirvo. Desde que deixei o mundo corporativo, há quase dez anos, tenho me dedicado a capacitar o setor informal para que eles possam envolver as cadeias de suprimentos formais com o conhecimento para serem bem-sucedidos”, relata Michael Maggio, CEO e fundador da iWrc.

 

Michael Maggio, CEO e fundador da iWrc.
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