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Nestlé: menos resíduos e mais desenvolvimento social

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Em entrevista exclusiva, empresa detalha ações, resultados e projetos para minimizar a geração de resíduos em sua atuação

 

 

Por Elen Nunes / Edição Flavius Deliberalli

Como tornar um amplo portfólio de embalagens cada vez mais circular e ao mesmo tempo investir em desenvolvimento social?

A entrevista exclusiva com Cristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé, apresenta detalhes sobre como a multinacional vem atuando para minimizar a geração de resíduos relacionados a sua atuação e muito mais.

Leia agora:

1- Nos últimos anos, a Nestlé investiu em redução de plástico em suas embalagens, como no caso da retirada das tampas das garrafas pet ou na eliminação do material na embalagem externa das caixas de bombons. Quais são os resultados sobre essas iniciativas? Ou seja, qual o montante de resíduos plásticos que deixaram de ser produzidos e inseridos no mercado?
Acabamos de iniciar a produção do portfólio de bebidas prontas, que contempla as marcas Nescau, Neston, Molico, Nescafé e Alpino, com garrafinhas a partir de 50% de plástico reciclado. Isso representa 563 toneladas de plástico virgem a menos no planeta até dezembro de 2023. A expectativa é que nos próximos dois anos todas as embalagens de bebidas prontas para beber já sejam compostas por 100% de plástico reciclado, resultando em uma redução de mais de mil toneladas de material por ano. Além disso, nos últimos anos, substituímos 100% dos canudos plásticos de nossas bebidas por alternativas de papel, o que faz com que a empresa deixe de utilizar mais de 300 milhões de canudos plásticos por ano desde 2021 – ou 128 toneladas de plástico. Também lançamos embalagens de bebidas prontas que dispensam o uso de tampas plásticas ao usarem um envoltório a base de material pet, o que evita o uso de mais de 35 milhões de tampas plásticas por ano, ou 150 toneladas de plástico. Outro avanço foi a embalagem de sachê monomaterial da marca Mucilon, com menos plástico na composição e 100% desenhada para ser reciclada, e que reduz em aproximadamente 300 toneladas por ano o uso de plásticos. E também retiramos o filme plástico externo da caixa de bombons Especialidades, em uma mudança em que a companhia deixa de usar mais de 450 toneladas/ano de plástico. São todas soluções que demandam investimentos em diferentes frentes, que vão do redesenho das embalagens a ajustes de processos produtivos e equipamentos na fábrica.



2- Quais os maiores desafios quando pensamos em alterações de embalagens já consagradas? Como o consumidor recebe essas novidades e/ou alterações nos produtos? Há algum caso de sucesso que pode citar?
Qualquer alteração de embalagens envolve muitos desafios que abrangem tanto a empresa, junto com a sua cadeia de fornecedores, quanto os consumidores, que já estão acostumados com os produtos que encontram nas gôndolas. Porém, é necessário estar sempre atento às novas tecnologias que priorizam embalagens cada vez mais voltadas à circularidade. Na Nestlé, por exemplo, temos o compromisso de reduzir 1/3 do plástico virgem das nossas embalagens até 2025, além de ter 100% das nossas embalagens desenhadas para serem recicladas ou reutilizadas. Isso não é uma tarefa simples porque precisamos oferecer cada vez mais ao mercado embalagens que sejam atrativas aos clientes e que, ao mesmo tempo, também sejam interessantes do ponto de vista financeiro às cooperativas de reciclagem. Assim, toda a cadeia produtiva consegue atuar de forma integrada.


3- Percebemos um investimento da Nestlé na comunicação das embalagens de forma a incentivar o consumidor a descartar corretamente e destinar as embalagens para reciclagem. São mensagens simples, no próprio rótulo, que informam e auxiliam a educação ambiental do consumidor. Há também outra iniciativa conhecida do público, que são as ações promocionais estimulando o reuso das embalagens de lata, como no caso do leite Moça e do Nescau. Certamente, no desenvolvimento dos produtos, essa utilização das embalagens como ferramenta de comunicação é estratégica. Pensando em escala, o impacto dessas ações apresenta resultados efetivos? Há apontamentos sobre essas iniciativas que poderiam citar?
Temos como pilares o uso cada vez menor de materiais nas nossas embalagens, porém melhores e mais eficientes para quando forem reutilizados ou reciclados, e o estímulo contínuo à conscientização da importância da circularidade na sociedade em geral. Para isso, o engajamento dos consumidores é fundamental para que as embalagens, após a vida útil, encontrem uma destinação correta e sejam transformadas em matérias-primas para outros processos que resultarão em novos produtos. Em 2019, a Nestlé anunciou a iniciativa RE, que propõe repensar todas as operações da companhia e envolver outros agentes e parceiros para a promoção de atitudes mais sustentáveis. Estamos em uma jornada para impulsionar a circularidade e as ações focadas em toda a cadeia de reciclagem fortalecem nossos esforços para um futuro mais saudável e regenerativo. Como parte do compromisso para uma atuação mais sustentável, a Nestlé busca trabalhar com representantes da cadeia de valor e associações de classe para chegar a diferentes soluções, como o Cataki, da ONG Pimp My Carroça, o Reciclar pelo Brasil, que apoia mais de 250 cooperativas em todo o país e o Recicleiros Cidades, do Instituto Recicleiros, que amplia a atuação em municípios para uma coleta seletiva e reciclagem integrada às cooperativas, prefeituras, empresas e cidadãos. Durante esse ano, a companhia apoia 8 mil profissionais de reciclagem em todo o Brasil. A Nestlé também desenvolveu o EcoBot, uma tecnologia que tira dúvidas e orienta as pessoas sobre o correto descarte e a destinação do lixo. Entre as funções disponíveis também é possível receber sugestões para facilitar o dia a dia da reciclagem em casa e gerar impacto social, ajudando catadores e cooperativas que atuam na cadeia de reciclagem.

 

“Precisamos oferecer cada vez mais ao mercado embalagens que sejam atrativas aos clientes e que, ao mesmo tempo, também sejam interessantes do ponto de vista financeiro às cooperativas de reciclagem. Assim, toda a cadeia produtiva consegue atuar de forma integrada”

 

O Panela House.
Garrafinhas com 50% de plástico reciclável.

4- Nos conte um pouco sobre a atuação da Nestlé em projetos de reciclagem de materiais difíceis de reciclar, logística reversa e seus desdobramentos.
Em 2021, o Panela House, a plataforma de inovação aberta e incubadora de novos negócios da Nestlé, promoveu um desafio de inovação aberta para encontrar soluções para a reciclagem de embalagens que até então possuíam baixo valor agregado do ponto de vista da circularidade. A partir disso, foi desenvolvida uma parceria pioneira com a startup Yattó, que tem como objetivo desenvolver toda a cadeia de reciclagem de embalagens flexíveis no Brasil, como de chocolates e biscoitos.  No ano passado, foram recicladas 200 toneladas de embalagens plásticas flexíveis – o equivalente a 100 milhões de embalagens de chocolate coletadas; redução de mais de 300 mil kg de emissão de CO2 na atmosfera; e economia de mais de 1 milhão de litros de água. Após a reciclagem, as embalagens plásticas flexíveis são utilizadas na fabricação de diversos objetos, como mesas, cadeiras, pisos, entre outros.

5- Poderia detalhar o projeto “Juntos pela Reciclagem”, liderado pela Nestlé, que envolve outras grandes marcas em prol de ampliar a reciclabilidade de embalagens? Objetivos e como funciona?
O desafio da reciclagem no Brasil é enorme. Apenas 4% de todo resíduo é reciclado e essa é uma responsabilidade compartilhada entre pessoas, empresas e administração pública. O movimento “Juntos pela Reciclagem” surgiu como uma resposta coletiva rumo a essa jornada. É a união de grandes empresas e associações para conscientizar as pessoas sobre o que, de fato, significa a palavra “lixo”, que no nosso entendimento é “qualquer material que ainda não pode ser reciclado, reutilizado ou compostado”. Porque, se tratado da forma correta, ele pode transformar a vida de catadoras e catadores de recicláveis e ajudar a preservar a natureza. Queremos, com essa iniciativa, ressignificar aquilo que é visto sem valor. A primeira entrega dessa coalizão foi a campanha “Eu, lixo? Sou transformação”. Em paralelo, houve a mudança do significado do substantivo masculino “lixo” no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que, a partir de agora, passa a ser “qualquer material que ainda não pode ser reciclado, reutilizado ou compostado”. O objetivo é fomentar a conscientização do público em geral a partir do novo significado do lixo. O que antes era definido como algo sem utilidade, agora traz valor aos resíduos que, na verdade, são matéria-prima para a produção de novos produtos, gera renda para os catadores e catadoras de materiais recicláveis e contribui para preservar a natureza. Trata-se de uma oportunidade para construir uma nova consciência por meio da educação e do diálogo de transformação coletiva voltado para um problema comum em toda a sociedade. Esse ressignificado é a oportunidade para abrir diálogo com todos os elos da cadeia e estimular transformações nas empresas e governos, além de chamar a atenção das pessoas para a responsabilidade de separar e destinar de forma correta qualquer resíduo gerado. Ou seja, se grande parte dos materiais é reciclável, e pode ter diversas utilizações após o uso, deve ser vista como uma oportunidade. Olhar para a circularidade e para a educação ambiental é essencial para o futuro da sociedade.

 

“Temos como pilares o uso cada vez menor de materiais nas nossas embalagens, porém melhores e mais eficientes para quando forem reutilizados ou reciclados, e o estímulo contínuo à conscientização da importância da circularidade na sociedade em geral”

 

6- Explique como atuam hoje os departamentos de inovação e desenvolvimento de embalagens da Nestlé no Brasil, no sentido de buscar soluções de menor impacto ambiental dentro das possibilidades disponíveis no país. Quais os principais desafios que a Nestlé tem enfrentado para desenvolver embalagens menos agressivas ao meio ambiente (equipamentos, materiais, fornecedores e/ou profissionais)?
Em âmbito global, a Nestlé conta com o Institute of Packaging Sciences (Instituto de Ciências da Embalagem), em Lausanne, na Suíça, o primeiro do gênero na indústria alimentícia. O novo Instituto permite à companhia acelerar seus esforços para trazer ao mercado soluções funcionais, seguras e ecologicamente corretas e enfrentar o desafio global dos resíduos das embalagens plásticas. A iniciativa é um passo importante para a companhia alcançar o compromisso de tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. A existência de um centro como esse ressalta a visão da Nestlé de que nenhuma de nossas embalagens termine em aterros sanitários ou como lixo. Para além de soluções de embalagens reutilizáveis e/ou reaproveitáveis, também apoiamos o desenvolvimento de infraestrutura local de reciclagem e armazenagem, contribuindo para um mundo sem resíduos. Em estreita colaboração com a rede global de pesquisa e desenvolvimento da Nestlé, parceiros acadêmicos, fornecedores e startups, o Instituto avalia a segurança e a funcionalidade de vários materiais de embalagem sustentáveis. Os especialistas da Nestlé estão desenvolvendo e testando novos materiais e sistemas de embalagem ecológicos, junto aos nossos centros de desenvolvimento, fornecedores, instituições de pesquisa e startups.



7- Poderiam destacar alguma novidade em embalagem que foi pensada a partir de conceitos de economia circular
No ano passado, a Nestlé lançou Nescafé Dolce Gusto NEO, primeira cafeteira de cápsulas compostáveis. O sistema NEO é resultado de cinco anos de pesquisas e foi cuidadosamente pensado com o objetivo de evitar o desperdício e valorizar o meio ambiente. Cada máquina é feita com peças de alumínio e plástico reciclados e pode ser reparada com muito mais rapidez e facilidade que as comuns. O foco é na sustentabilidade presente desde o desenvolvimento das cafeteiras até o pós-consumo das cápsulas. Feitas com papel certificado pelo FSC (Forest Stewardship Council) e um polímero biodegradável compostável, a cápsula protege o café de alta qualidade da oxidação e garante a extração perfeita. Além do mais, as cápsulas de NEO foram criadas para se decompor ao exemplo das cascas de frutas: de forma natural e em cerca de seis meses. Possuem os selos “Compost Home” e “Compost Industrial”, comprovando sua compostagem doméstica e industrial pela certificadora ambiental TUV Áustria.

 

“Após a reciclagem, as embalagens plásticas flexíveis são utilizadas na fabricação de diversos objetos, como mesas, cadeiras, pisos, entre outros”

 

 

 

Equipe do Recicleiros.
Time Regenera.

8-Há algum outro projeto e/ou investimento com foco em sustentabilidade e embalagem que gostariam de citar?
Sim, além da parceria com a Yattó, o apoio a mais de 8 mil profissionais de reciclagem em todo Brasil, e a parceria com o Instituto Recicleiros, atuamos também com o Reciclar pelo Brasil, considerada a maior plataforma de reciclagem inclusiva do país e que contempla a regularização, melhoria e profissionalização do trabalho de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis.



9- Fale um pouco sobre o “Time Regenra”, que inciou suas atividades neste ano.
O Time Regenera, que reúne um total de 33 colaboradores voluntários, que atuam nas 19 operações da empresa no país, foi criado em janeiro. Desde então, essa turma atua diariamente para colocar em prática as mais diversas iniciativas voltadas tanto à preservação do meio ambiente quanto ao bem-estar das pessoas a partir da realidade industrial.



10- Quais as expectativas e ações da Nestlé em relação ao futuro das suas embalagens no Brasil? Considere compromissos em redução de impacto ambiental, metas e afins.
A Nestlé assumiu um compromisso global de tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. Para alcançar esse objetivo, a companhia trabalha tanto na frente de repensar e redesenhar embalagens, pensando em novos materiais e formatos, quanto no apoio a ações de conscientização do consumidor sobre descarte correto e no desenvolvimento das cadeias de reciclagem. No mesmo período, a Nestlé reduzirá em um terço o uso de plásticos virgens. Isso será alcançado com a criação de um mercado para plásticos reciclados de qualidade alimentar e o aumento da inovação das embalagens, enquanto trabalhamos com terceiros para promover a economia circular. Hoje, 98% das embalagens da Nestlé no Brasil são desenhadas para serem recicladas ou reutilizadas e temos acelerado esforços para soluções funcionais, seguras e sustentáveis. A meta é ter menos plástico virgem circulando, mais reciclagem e mais cooperativas parceiras garantindo renda e educação.

 

“Olhar para a circularidade e para a educação ambiental é essencial para o futuro da sociedade”

 

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