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Embalagens sustentáveis a partir de soluções com foco no design

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Para uma solução de ponta a ponta que reduza efetivamente o impacto ambiental, é necessário utilizar diversas ferramentas e conceitos extraídos das múltiplas áreas do design

Por Ricardo Marques Sastre*

Durante toda a minha carreira, atuando na indústria gráfica e como designer de embalagens, percebi que as soluções com foco em sustentabilidade necessitam de um olhar em todo o ciclo de vida da embalagem e do produto. As empresas que atuam na cadeia de valor da embalagem tendem a oferecer soluções parciais, direcionadas aos seus modelos de negócio. Como pesquisador, observei que na área acadêmica as publicações sobre embalagem encontram-se dispersas na literatura e são abordadas em diversas áreas de conhecimento, tais como o design, as engenharias e a comunicação, dentre outras.

Através das minhas publicações, busco contribuir com o fortalecimento dos conhecimentos básicos sobre embalagem; com a pesquisa aplicada, mostrando cases práticos; na aplicação da sustentabilidade em projetos de embalagens e nas tendências de mercado. Uma destas contribuições foi a proposição de ampliação do conceito de embalagem:

“As embalagens são recipientes ou invólucros que têm como funções primárias conter, proteger e transportar mercadorias, e podem ser classificadas como complexas e sistêmicas, abrangendo interações previsíveis e/ou inesperadas entre suas partes e processos, devendo, portanto, serem consideradas sob a perspectiva de todo o seu ciclo de vida.” (Sastre et al., 2020)

O conhecimento técnico do projetista neste sentido deve perpassar diferentes referenciais teóricos e áreas de conhecimento, pois envolve geometria, desenho técnico, conhecimento sobre materiais, sobre os processos de fabricação da embalagem disponíveis no mercado, além do conhecimento sobre os processos de envase, transporte, armazenagem e descarte.

A promoção da sustentabilidade em embalagens torna-se uma tarefa destinada a profissionais especializados na área que, obrigatoriamente, devem dar conta dos aspectos teóricos e práticos relacionados a embalagem. Observa-se que na prática existe uma certa dificuldade por parte dos pesquisadores e projetistas em adotar um olhar sistêmico nos projetos de embalagens.

A partir do olhar integrado entre a área acadêmica e o mercado, percebe-se que para uma solução de ponta a ponta que reduza efetivamente o impacto ambiental, se necessita utilizar diversas ferramentas e conceitos extraídos das múltiplas áreas do design, bem como o design estrutural, o design gráfico, o design de sistemas, o ecodesign, o design de serviços, dentre outras. Para a composição destas ferramentas, personalizadas conforme os desafios de cada novo projeto, definimos um novo conceito denominado “Metadesign de embalagem”, ou seja, fazer o design do próprio design.

As soluções sustentáveis a partir do design permitem o desenvolvimento ou a adequação de projetos de embalagens e produtos, refletindo em toda a sua cadeia de valor. Neste sentido, sugere-se o seu desenvolvimento com foco na minimização de impacto ambiental a partir de três níveis distintos, dispostos a partir da solução mais indicada. O primeiro nível é o desenvolvimento de um novo projeto de embalagem sob um olhar sustentável. O segundo nível, intermediário, ocorre a partir da análise do sistema da embalagem existente, buscando redução de custos e impacto ambiental. Por fim, o terceiro nível busca a ressignificação de resíduos a partir da circularidade.

A lógica aplicada nesses níveis está relacionada a busca de soluções na origem, ou seja, no projeto da embalagem, quando a embalagem se encontra no mercado, na solução a partir do sistema da embalagem existente, bem como a valorização do seu resíduo.

O objetivo deste primeiro artigo foi introduzir o tema da embalagem sustentável e estruturar os conteúdos que serão abordados durante o ano de 2024, ampliando os conceitos mencionados e trazendo exemplos práticos.



Referências bibliográficas:

Sastre, R.M., de Paula, I.C., Zeni, C.F. and Echeveste, M.E.S. (2020), “Packaging Radar: a Preliminary Reference for Packaging Design in a Systemic and Complex Context”, Proceedings of the Design Society: DESIGN Conference, Vol. 1 No. 2002, pp. 2139–2148, doi: 10.1017/dsd.2020.324.

**As opiniões expressas e os dados apresentados em artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento dos editores do Conecta Verde.

 

Conteúdo por:

Ricardo Marques Sastre*

*Publicitário; especialista em expressão gráfica e gestão empresarial; mestre em design; doutor em engenharia de produção e pós-doutor em design sustentável; pesquisador; consultor; escritor; professor universitário; diretor na Mudrá Design e soma 27 anos de experiência no mercado de embalagens.

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