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Reduzir, reduzir e reduzir

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Reduzir desperdícios ao longo do processo de fabricação de produtos contribuirá com um menor volume de resíduos destinados para a reciclagem

Por Ricardo Marques Sastre*

Enquanto as discussões e a competição no mercado permanecerem sobre quem é mais ou menos sustentável, ficará muito difícil e arriscado afirmar que uma ou outra solução é a mais efetiva para a redução de impacto ambiental.  Por um lado, uma matéria-prima se decompõe mais rápido que outra, porém, pode ser mais pesada ou o processo de extração e fabricação pode ser mais dispendioso. Além disso, o reuso e as soluções para aumentar a vida útil podem provocar outros impactos, tais como contaminações, armazenagem dispendiosa ou dificuldade para encaminhar à reciclagem.

O cenário atual aponta uma forte tendência de as empresas promoverem ações voltadas para sustentabilidade, seja por propósito, cumprimento de legislação ou por estratégia mercadológica. As metas para a redução de impacto ambiental no planeta não estão sendo atingidas e a pressão global aumenta a cada evento climático negativo. Em paralelo, as ações governamentais contribuem pouco para mudar este cenário.

Deixando de lado essa visão pessimista (realista é a palavra mais adequada), apresenta-se uma solução viável e factível. Reduzir! Convido os leitores para voltarem um pouco no tempo e lembrarem como nossos pais e avós nos educaram (suponho que a maioria dos brasileiros). Esses hábitos aprendidos em casa durante as primeiras fases de vida acabam nos acompanhando para sempre e influenciam na educação de futuras gerações.

Apagar a luz durante o dia ou se não estiver no cômodo; evitar banhos demorados para economizar água e energia; servir apenas o que irá comer para evitar desperdícios de alimentos e verificar se a torneira ficou bem fechada são apenas alguns exemplos que aprendemos dentro de casa. Em um primeiro momento estas ações serviam para economizar o dinheiro dos nossos mantenedores, mas como bônus, acabava reduzindo impacto ambiental.

Observando hábitos de consumo percebe-se o quanto acumula-se desnecessariamente sem uma visão crítica sobre a necessidade do uso. Em um primeiro momento precisamos perceber esse movimento e em seguida fazer as perguntas silenciosas: é realmente necessário comprar esse artefato ou comer mais do que o corpo precisa para sobreviver? As nossas ações estão de acordo com nossos propósitos? Quantos recursos utilizados poderiam ser reduzidos através do consumo consciente?

Neste mesmo caminho, agora com um olhar voltado diretamente para as empresas, fica evidente a quantidade de embalagens e produtos que são desperdiçados ao longo do ciclo de vida. Rapidamente observa-se uma quantidade de itens geradores de desperdícios no sistema embalagem. Os principais e recorrentes são as subembalagens, a embalagem que contêm as embalagens vazias; projetos estruturais com problemas de dimensionamento; transportar ar e água em excesso; o uso excessivo de materiais para evitar reclamação de clientes e a falta de um olhar sistêmico durante o processo. Entender as necessidades dos envolvidos em todas as etapas é um item básico para desenvolver embalagens sustentáveis.

Este tema merece atenção e aprofundamento, pois a intenção aqui é alertar os leitores sobre o ponto de partida acessível para reduzir impacto ambiental. As soluções devem ocorrer por múltiplos caminhos, todas as áreas devem contribuir com suas visões e ações, porém, é muito mais rápido e acessível evitar que os resíduos cheguem em seu fim de vida. A conta é simples, se reduzirmos desperdícios ao longo do processo de fabricação de produtos, o volume de resíduos a serem destinados para reciclagem será menor.

Reduzir é um caminho tangível e quantificável e os argumentos e relatórios ficam mais robustos e confiáveis. Por este caminho é possível reduzir custo e impacto ambiental simultaneamente.


**As opiniões expressas e os dados apresentados em artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento dos editores do Conecta Verde.

Conteúdo por:

Ricardo Marques Sastre*

*Publicitário; especialista em expressão gráfica e gestão empresarial; mestre em design; doutor em engenharia de produção e pós-doutor em design sustentável; pesquisador; músico; consultor; escritor; professor universitário; diretor na Mudrá Design; soma 28 anos de experiência no mercado de embalagens.

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