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Startup produz embalagens com insumos da biodiversidade amazônica

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Além do objetivo principal de licenciamento social da tecnologia para produção em comunidades indígenas e ribeirinhas que buscam renda e impacto socioambiental positivo, biofábrica da Dooka tem capacidade de produzir 120 mil unidades por mês

Editado por Flavius Deliberalli

A popular mandioca, que tem origem amazônica, vem ganhando novas utilidades. Entre elas está a produção de embalagens.

A partir de matéria-prima renovável – a fécula da mandioca, o objetivo é reduzir a geração de resíduos e substituir materiais como plástico e o isopor, unindo conhecimento tradicional e tecnologia para atender a demanda das empresas com atuação alinhada aos critérios de sustentabilidade.

“As bioembalagens agregam valor às cadeias produtivas amazônicas, considerando o diferencial das matérias-primas regionais, com impactos socioambientais positivos”, afirma Erika Cezarini, à frente da startup Dooka, que produz as embalagens com apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).

Em fevereiro, a Dooka inaugurou uma biofábrica de embalagens em Lábrea (AM), em parceria com uma organização comunitária local, a Associação de Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha (ASPACS), que abrange indígenas, ribeirinhos e pequenos produtores da agricultura familiar. O investimento veio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), desenvolvido pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para o repasse de recursos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), que as empresas são obrigadas a investir como contrapartida dos incentivos fiscais.

“É fundamental levar tecnologias para o beneficiamento das matérias-primas e a produção final nas comunidades, com aumento da renda e menor dependência de recursos filantrópicos. A biofábrica de embalagens em Lábrea contribui com o Polo Industrial de Manaus na busca de maior conexão com a Amazônia”, destaca Paulo Simonetti, gerente de projetos de inovação em bioeconomia do Idesam, instituição que coordena o PPBio.

O projeto da Dooka recebeu cerca de R$ 1,4 milhão de investimentos em P&D da indústria de bicicletas OX Bike, instalada em Manaus. Os recursos se destinaram ao desenvolvimento de testes, prototipagem, equipamentos e construção da biofábrica, incluindo a capacitação técnica de 11 pessoas da comunidade na operação do maquinário, em escala piloto, dentro dos padrões de qualidade para o produto final.

Além da fécula da mandioca, o uso de insumos regionais em bioembalagens, copos e outros utensílios abrange resíduos do agroextrativismo capazes de adicionar valor às cadeias produtivas da floresta mantida em pé. A estratégia inicial é produzir embalagens técnicas para produtos eletrônicos, como estojo de celulares e notebooks, bem como fornecer à indústria de cosméticos.

Com capacidade de produzir em média 120 mil peças ao mês na biofábrica em Lábrea (AM), o objetivo da Dooka é replicar a inovação na Amazônia por meio do licenciamento social da tecnologia para comunidades, com equipamentos modulares.

“Há uma longa trajetória no desenvolvimento do processo produtivo e na formulação do material a ponto de viabilizar a terceirização”, aponta Erika Cezarini.

Com negócio voltado à transferência de tecnologia e receita de royalties, a startup planeja obter novos investimentos para a instalação de unidades de bioembalagens em pelo menos nove outras localidades no Tocantins, Maranhão e Pará, até 2030.

“Jamais imaginávamos um dia produzir embalagens para celulares, com produtos da floresta. O objetivo agora é a produção local também da fécula da mandioca, hoje comprada em Manaus para fabricação das bioembalagens. Com maior visibilidade, chegam novas parcerias que aumentam a renda e movimentam a economia da nossa região”, conta Sandra Barros, vice-presidente da ASPACS.


Mais informações:

Dooka
www.okabioembalagens.com.br

Idesam
www.idesam.org



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