Publicidade

O ciclo de sustentabilidade e circularidade da Papirus

Compartilhar

Em entrevista exclusiva, fabricante de papelcartão detalha sua atuação e as iniciativas que lidera para contribuir para uma economia mais circular

Por Elen Nunes / Editado por Flavius Deliberalli

Sustentabilidade de ponta a ponta. Esta afirmação não seria um exagero se usada para definir a atuação da Papirus.

Em entrevista exclusiva, Amando Varella, co-CEO e diretor comercial e de marketing da fabricante de papelcartão, conta em detalhes as ações e iniciativas desenvolvidas para fomentar a Economia Circular, ampliar a Sustentabilidade e diminuir o impacto ambiental nos mercados onde atua.

Leia agora:

1- Conte-nos brevemente sobre como a sustentabilidade faz parte da história e da estratégia da empresa?
A Papirus já nasceu como uma recicladora, e sempre teve um compromisso com a sustentabilidade aplicada ao processo produtivo. Nossa produção de papelcartão combina fibras recicladas (aparas de papel) e fibras virgens em diferentes proporções, criando produtos amplamente utilizados por grandes marcas de consumo nos setores de alimentos, medicamentos e produtos de higiene pessoal, entre outros. Utilizamos aparas pré-consumo, descartadas no processo de fabricação das embalagens por parte das gráficas, por exemplo, e aparas pós-consumo, provenientes de papéis usados que são coletados por prefeituras e cooperativas parceiras da reciclagem. Dessa forma, garantimos um ciclo completo de economia circular.

Além disso, ao utilizar os materiais reciclados como matéria-prima, reduzimos a quantidade de resíduos destinados aos aterros sanitários, ajudando a aliviar a pressão sobre esses locais e minimizando o impacto ambiental. Reforçamos essa iniciativa com o programa Papirus Circular, realizado em parceria com a cleantech Polen. Nesse programa, os materiais reciclados são certificados e rastreados desde a sua origem, o que permite gerar créditos de reciclagem que atestam a sustentabilidade de todo o processo e que podem ser utilizados pelas marcas para atestar a adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos aos percentuais exigidos de reciclagem dos materiais descartados. Essa ação não apenas ajuda a impulsionar o mercado de reciclagem, mas também atende às demandas das grandes marcas e dos consumidores por embalagens mais sustentáveis.

2- Quais são os principais pilares da atuação da Papirus no contexto da economia circular?
A Papirus tem atuado com base em três pilares estratégicos: Pessoas, Processo e Negócio, pilares estes que estão interligados à questão da sustentabilidade, e que permeiam todos eles, e também estão integrados à visão de quem a Papirus é, como atua e qual o futuro que deseja. Em termos de Pessoas, temos uma visão que se expressa no modelo de gestão compartilhada. A liderança da Papirus hoje é compartilhada por três co-CEOs, modelo que tem garantido uma dinâmica muito positiva, com todos aportando sua visão sobre as suas áreas especificamente e sobre o conjunto, orientando a companhia e as diversas áreas para os mesmos objetivos e valores. Essa visão prioriza as pessoas como o principal ativo, e para elas temos um plano bem estruturado, desenvolvendo competências e também dando oportunidade para que avancem. É dentro do nosso quadro de colaboradores que formamos as novas lideranças que vão atuar alinhadas a esses princípios. É também no pilar estratégico de Pessoas que estão os valores e crenças que formam a nossa Cultura, pautada em três pontos: a Construção de Relações de Valor; a Flexibilidade, e o nosso DNA Transformador. Esses três aspectos inicialmente compunham os atributos da marca e, dada a sua importância no processo de evolução da Papirus, passaram a integrar nossos valores, ganhando destaque em nossa cultura organizacional.

O outro pilar é o de Negócios, que inclui o tripé Cliente, Serviços e Produtos, três pontos intrinsicamente conectados. A Papirus não é uma empresa que vende apenas papelcartão para diversos segmentos. É uma parceira do cliente, entendendo suas necessidades, desenvolvendo produtos inovadores e customizados, que também permitirão a ele inovar e atender as novas demandas do mercado com soluções inéditas e inteligentes. São relações em que a oferta de serviços também é outro ponto fundamental, ajudando no desenvolvimento e nos desafios que os clientes têm à frente na gestão do seu negócio. Estas ações potencializam a relação com clientes estratégicos e nos movem rumo à diversificação do portfólio de produtos, do investimento na ampliação da capacidade e o foco na sustentabilidade, na reciclagem e na economia circular.

Já o pilar Processos é responsável por garantir que a sustentabilidade se materialize em cada etapa da produção. A empresa é hoje a única do setor de papelcartão preparada para atestar a sustentabilidade de seus produtos e o índice de material reciclado utilizado em sua produção, especialmente na linha Vita. Isso é possível graças a equipamentos, processos de controle e auditoria da reciclagem, além de certificações reconhecidas. A linha Vita conta com certificação da Forest Stewardship Council (FSC), que garante que as fibras utilizadas são provenientes de florestas manejadas de forma ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. A linha também possui o Selo Verde, que atesta o percentual de aparas ou fibras virgens certificadas utilizadas, também verificado pelo FSC.

Além disso, a Papirus é uma Empresa B certificada, integrando um movimento global por uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa. Esse reconhecimento atesta os esforços contínuos da companhia em operar com responsabilidade social, ambiental e econômica, refletindo práticas presentes desde sua fundação e que continuarão moldando o futuro sustentável que a empresa busca construir.

É esse conjunto de pilares estratégicos que tem orientado a atuação da Papirus, e que seguirá dando as diretrizes para o nosso crescimento no futuro com foco na economia circular.

“Ao utilizar os materiais reciclados como matéria-prima, reduzimos a quantidade de resíduos destinados aos aterros sanitários, ajudando a aliviar a pressão sobre esses locais e minimizando o impacto ambiental”

3- A empresa possui algum indicador de circularidade que monitora metas públicas sobre o uso de reciclados?
Sim, a Papirus monitora seus avanços por meio de indicadores claros de circularidade e sustentabilidade, que estão disponíveis publicamente em seu site por meio do Relatório de Sustentabilidade. O documento reúne os principais indicadores ambientais, sociais e de governança da empresa, além dos resultados e impactos positivos gerados pelo programa Papirus Circular.

Desde o lançamento do programa, em 2021, a Papirus já reciclou 11.880 toneladas de papel pós-consumo e 52.909 toneladas de papel pós-industrial, evitando a emissão de 37.254 toneladas de CO₂ equivalente no período. Para dimensionar esse impacto, trata-se do equivalente a cerca de 453.981 viagens de avião de ida e volta entre Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), ou aproximadamente 209.076 geladeiras funcionando ininterruptamente durante um ano inteiro. Esses dados reforçam o compromisso da empresa com a economia circular, a rastreabilidade dos materiais e a transparência em relação às suas metas e resultados ambientais.

4- Como é feita a articulação da Papirus com cooperativas ou outros fornecedores de aparas?
A Papirus mantém um sistema colaborativo de coleta de aparas em parceria com cooperativas de catadores. Essa articulação tem papel fundamental não apenas no fornecimento da matéria-prima reciclada utilizada na produção de papelcartão, mas também na geração de renda e no fortalecimento da economia local. Por meio dessas parcerias, a empresa coleta mensalmente cerca de 1.250 toneladas de aparas pré-consumo e 250 toneladas de aparas pós-consumo. Todo esse material é destinado à unidade fabril da Papirus, localizada em Limeira (SP), onde é transformado em papelcartão.

“A empresa é hoje a única do setor de papelcartão preparada para atestar a sustentabilidade de seus produtos e o índice de material reciclado utilizado em sua produção”

5- Existe algum projeto social ou ambiental relacionado à valorização da cadeia de reciclagem?
A Papirus desenvolve iniciativas que valorizam toda a cadeia de reciclagem, com destaque para o programa Papirus Circular. O programa tem forte impacto social e ambiental, especialmente ao incluir os catadores – responsáveis pela maior parte do material reciclado no Brasil – no processo de geração de crédito de reciclagem. As cooperativas e os fornecedores de materiais reciclados passam por um processo de homologação que assegura boas condições de trabalho e possibilita uma remuneração adicional por meio da compra dos direitos das Notas Fiscais. Com isso, além de estimular o crescimento e fortalecimento dessas cooperativas, a iniciativa contribui diretamente para os três pilares do ESG.

A Papirus também apoia diversos projetos sociais na região ao redor de sua planta, no interior do Estado. Um deles é o Pimp My Carroça, que tem como objetivo dar suporte aos catadores de materiais recicláveis por meio da reforma de suas carroças, contribuindo assim para o aumento de sua renda por meio da arte, sensibilização, tecnologia e participação coletiva. Também patrocinamos a Pizza Solidária, uma iniciativa em que a venda de pizzas em um dia específico é revertida em recursos para o Lar dos Velhinhos São Vicente de Paulo, em Americana (SP). Além disso, temos um projeto de reciclagem de uniformes, que são transformados em cobertores.

6- Quais são os produtos da Papirus que mais se destacam em termos de sustentabilidade hoje?
Em nosso portfólio da linha Vita, os cartões Vitacycle e Vitacarta possuem destaque por integrarem o programa Papirus Circular. Desenvolvidos para atender às demandas por materiais ecologicamente responsáveis, esses papéis aliam desempenho técnico com alto conteúdo reciclado.

O Vitacycle é produzido com 40% de fibras recicladas pós-consumo, a maior porcentagem do mercado nessa categoria, o que contribui diretamente para a redução do impacto ambiental. Já o Vitacarta é feito com 100% de fibras recicladas, sendo 30% de origem pós-consumo, ideal para projetos que valorizam o uso de materiais reciclados.

Ambos são certificados, alinhados ao conceito de economia circular e utilizados por diversas marcas em segmentos como cosméticos, alimentos, farmacêutico, brinquedos, vestuário, material promocional e projetos editoriais.

7- Pode citar exemplos de aplicações práticas desses produtos em embalagens (alimentos, cosméticos, farmacêuticos etc.)?
Dois casos de destaque, que integram o programa Papirus Circular, são o uso do Vitacarta na linha Natz, da RD Saúde, uma linha de produtos naturais que tem a sustentabilidade como premissa, além da utilização do Vitacycle pelo ecossistema Viveo nas embalagens das marcas Cremer, Bellacotton e Topz, reforçando o compromisso com soluções alinhadas à economia circular.

Embalagens dos produtos Viveo com papelcartão Vitacycle.
Papelcartão Vitacarta nas embalagens da linha Natz, da RD Saúde.

8- Há investimentos em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a performance ambiental dos produtos?
Os esforços na área de P&D reforçam nosso compromisso com a sustentabilidade e estão alinhados às novas tendências de consumo e aos princípios da economia circular, como a reciclagem e a redução da pegada de carbono.

Um exemplo prático desses esforços é o investimento atual em pesquisas para a aplicação de barreiras químicas nos cartões, permitindo que, em alguns casos, substituam o uso do plástico, uma inovação que contribui diretamente para a redução do impacto ambiental das embalagens.

9- Como a Papirus ajuda as marcas a comunicarem os atributos sustentáveis de seus materiais ao consumidor final? Por meio do programa Papirus Circular, colaboramos com as marcas para que elas atendam às demandas dos consumidores por produtos mais sustentáveis, dando transparência e permitindo a rastreabilidade da matéria-prima utilizada nas embalagens.

Sabemos que o consumidor está cada vez mais interessado nos caminhos que os produtos percorrem, desde a obtenção das matérias-primas, passando pelos processos de fabricação até a destinação final do resíduo de suas embalagens. Nesse sentido, o Papirus Circular também disponibiliza essas informações, de forma confiável, para o consumidor, por meio de um QR Code inserido nas embalagens, utilizando a tecnologia blockchain. O consumidor tem acesso a dados que demostram os índices de uso de material reciclado, informações relativas à sustentabilidade do ciclo de produção e ao ciclo de vida da embalagem. Isto gera confiança, que é decisiva no processo de compra.

10- Quais são os próximos passos da Papirus quando falamos em sustentabilidade e inovação para embalagens?
Estamos desenvolvendo, continuamente, produtos alinhados às novas tendências de consumo, com foco em uma cadeia de produção cada vez mais sustentável e fundamentada na economia circular. Esse é um caminho que exige pesquisa, desenvolvimento e investimentos constantes. Além disso, tendo como desafio estratégico engajar brand owners, designers de embalagens e gráficas a adotarem práticas mais sustentáveis, promovemos o uso de materiais reciclados e a criação de soluções com cadeias de valor regenerativas sempre que possível.

Como citei anteriormente, temos investido ainda em pesquisas para a aplicação de barreiras químicas nos cartões, de modo que, em alguns casos, possam substituir o plástico.

“Um exemplo prático desses esforços é o investimento atual em pesquisas para a aplicação de barreiras químicas nos cartões, permitindo que, em alguns casos, substituam o uso do plástico, uma inovação que contribui diretamente para a redução do impacto ambiental das embalagens”


11- Na visão da Papirus, quais são os caminhos prioritários que o mercado deve trilhar para acelerar a transição para a economia circular?
Acelerar a transição para a economia circular exige que a sustentabilidade seja tratada como um pilar estratégico e não seja apenas uma escolha. Embora esse caminho traga desafios importantes, como a necessidade de equilibrar a pressão por competitividade e redução de custos com os investimentos necessários, ele também representa uma grande oportunidade.

Outro ponto essencial é o engajamento de toda a cadeia de valor. Para que a economia circular aconteça de fato, é preciso envolver fornecedores, indústrias, consumidores e todos os elos do sistema em uma transformação cultural e estrutural.

Apesar das barreiras, os benefícios são evidentes, e incluem maior eficiência operacional, redução de desperdícios, diminuição de custos no médio e longo prazo e, sobretudo, fortalecimento da reputação das marcas diante de um consumidor cada vez mais consciente.

Ao investir em práticas sustentáveis, o setor produtivo não só contribui para a preservação do planeta, como também se torna mais competitivo e resiliente em um mercado em constante evolução.

Conteúdo por:

Deixe um comentário

Recomendados para você

Pesquisar

Publicidade

Últimas notícias

Temas mais publicados