Colunista estreia no Conecta Verde compartilhando sua expertise para aprofundar conhecimento e o debate sobre o impacto ambiental
Por Gabriela Gugelmin*
Nos últimos anos, os termos “biodegradável”, “compostável” e “oxibiodegradável” tornaram-se comuns em embalagens, propagandas e discursos empresariais. A promessa é sempre a mesma: produtos com menor impacto ambiental. Mas o que esses conceitos realmente significam? E como eles influenciam nossas escolhas no dia a dia?
A compreensão correta desses termos é essencial para que possamos consumir de forma mais consciente e sustentável. Muitas vezes, a ausência de regulamentação clara pode gerar confusões, dificultando a tomada de decisão por parte do consumidor.
Biodegradável X compostável: entenda a diferença
Um material biodegradável é aquele que pode ser decomposto por microorganismos, como bactérias e fungos, transformando-se em água, dióxido de carbono (CO₂) e biomassa. No entanto, o tempo necessário para essa decomposição pode variar bastante — de dias a séculos — e depende das condições ambientais.
Já um material compostável vai além: ele é biodegradável dentro de um prazo e ambiente específicos, e sua decomposição ocorre de forma segura, sem deixar resíduos tóxicos. Em sistemas de compostagem adequados, esses materiais se transformam em adubo orgânico em até 180 dias, conforme normas internacionais como a EN 13432 e a ASTM D6400.
Ou seja: todo material compostável é biodegradável, mas nem todo material biodegradável é compostável. Essa é uma distinção importante para quem busca soluções mais alinhadas à sustentabilidade.
E os oxibiodegradáveis?
Os materiais oxibiodegradáveis, por sua vez, são plásticos convencionais (geralmente derivados do petróleo) que recebem aditivos químicos para acelerar sua fragmentação na presença de oxigênio, luz e calor. No entanto, essa degradação resulta na quebra do material em microplásticos, o que gera preocupações ambientais significativas.
Diferente dos compostáveis, os oxibiodegradáveis não se transformam totalmente em substâncias inofensivas como água e CO₂ — pelo menos não de forma comprovada e padronizada — e seu comportamento no meio ambiente ainda é objeto de controvérsia científica. Por isso, muitas regulamentações internacionais e especialistas questionam sua rotulagem como “ecológica”, alertando para o risco de greenwashing.
Por que o plástico compostável é uma alternativa promissora?
O plástico compostável surge como uma alternativa inovadora e mais amigável ao meio ambiente. Ele é desenvolvido com matérias-primas de fontes renováveis — como amido de milho, batata ou cana-de-açúcar — e foi projetado para se decompor totalmente em ambientes de compostagem, sem deixar resíduos poluentes.
Essa característica faz com que o plástico compostável tenha um enorme potencial para reduzir o volume de resíduos sólidos, especialmente em setores como embalagens, utensílios descartáveis e agricultura. Quando descartado corretamente, ele pode retornar ao ciclo natural como adubo, fechando o ciclo de forma sustentável.
Desafios e caminhos para o futuro
É importante destacar que os materiais compostáveis precisam de condições específicas para sua degradação — como umidade, temperatura controlada e presença de microorganismos. Por isso, o desenvolvimento de infraestrutura adequada para compostagem nas cidades é essencial para garantir que esses produtos cumpram sua função ambiental.
Mais do que escolher um produto, é necessário pensar no sistema em que ele será descartado. Investir em educação ambiental, políticas públicas e inovação tecnológica é fundamental para ampliar o acesso e o impacto positivo dos materiais compostáveis.
Transparência e informação para consumidores conscientes
Empresas comprometidas com o meio ambiente têm um papel importante nesse cenário: comunicar com clareza os limites e as condições de uso e descarte dos materiais que utilizam. Já nós, consumidores, podemos fazer a diferença ao buscar informação, questionar e priorizar escolhas que estejam alinhadas com nossos valores ambientais.
Ao compreender melhor os conceitos de biodegradável, compostável e outros termos relacionados, ampliamos nossa capacidade de fazer escolhas mais conscientes e contribuímos para um futuro com menos resíduos e mais responsabilidade ambiental.
Sustentabilidade é sobre o ciclo completo — da produção ao descarte — e sobre as decisões que tomamos todos os dias.
**As opiniões expressas e os dados apresentados em artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento dos editores do Conecta Verde.