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Barreiras para embalagens: desafios e avanços no Brasil

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Laura Sanchez Sanchez, fundadora da Nathural Group, traça panorama do segmento que vem crescendo em uma entrevista exclusiva

Por Elen Nunes / Editado por Flavius Deliberalli

Química industrial e formuladora e técnica em adesivos industriais para diversos mercados que desde 1998 se dedica à pesquisa, desenvolvimento e fabricação de barreiras e coatings para papel, visando criar embalagens ecologicamente corretas. Além de tudo isso, sua extensa atuação contempla ainda a fabricação de coatings/barreiras para embalagens, utilizando papel ou papelcartão, com foco em produtos alimentícios e substituição de substratos e o desenvolvimento de uma barreira selável para aplicação em papel, substituindo laminados plásticos, uma grande contribuição para a criação de embalagens mais positivas.

Em entrevista exclusiva, Laura Sanchez Sanchez, fundadora da Nathural Group, destaca a evolução e os desafios no segmento de barreiras para embalagens.

Confira agora:

1- Vamos começar por uma pergunta básica e esclarecedora para todos: o que é coating barreira? No que consiste?
Coating barreira é um produto utilizado para revestir um substrato, alterando suas características iniciais. No caso da nossa fabricação de coating barreira, nosso objetivo é aplicá-lo a substratos como papel, papelcartão, papelão ou polpa moldada, modificando suas propriedades físico-químicas. Dessa forma, ele substitui as laminações plásticas na confecção de embalagens, tornando-as ecologicamente corretas, recicláveis e compostáveis. É diferente de vernizes barreira, que apenas alteram a superfície dos substratos, não interferindo na maioria das vezes nas características físico-químicas.

2- Como especialista, qual a relação do coating barreira com sustentabilidade? Quais atributos?
O coating barreira está diretamente relacionado à sustentabilidade, pois tem o objetivo de melhorar as propriedades funcionais das embalagens enquanto reduz a dependência de materiais ambientalmente prejudiciais, como alguns substratos de origem fóssil. Podemos elencar: redução de plásticos e materiais não recicláveis; facilidade de repolpabilidade e compostabilidade; redução da pegada de carbono; uso de materiais renováveis; proteção e prolongamento da vida útil dos produtos e biodegradabilidade e compostabilidade. Portanto, o uso de coatings barreira sustentáveis é um passo importante na criação de embalagens mais amigáveis ao meio ambiente, oferecendo proteção eficaz ao conteúdo e promovendo uma cadeia de produção e descarte mais limpa.

3- Como você tem visto o avanço em barreiras de embalagens no Brasil?
O avanço das barreiras para embalagens no Brasil tem sido notável nos últimos anos, impulsionado por tendências globais de sustentabilidade, regulamentações ambientais mais rígidas e a crescente demanda do consumidor por produtos ecologicamente corretos. Esse movimento envolve a adoção de novas tecnologias e o desenvolvimento de soluções inovadoras que equilibram a eficiência das embalagens com um menor impacto ambiental.
O Brasil está em um caminho promissor no que diz respeito ao avanço das tecnologias de barreira para embalagens, com foco em inovação sustentável. Embora existam desafios a serem superados, como o custo e a infraestrutura de reciclagem, as iniciativas em andamento demonstram um compromisso crescente com a criação de embalagens mais eficientes e ambientalmente amigáveis.

“O uso de coatings barreira sustentáveis é um passo importante na criação de embalagens mais amigáveis ao meio ambiente”

4-No mercado nacional, quais são as barreiras permitidas?
No mercado nacional brasileiro, as barreiras para embalagens devem seguir as regulamentações impostas principalmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, em alguns casos, pelo Ministério do Meio Ambiente e entidades de normalização, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas barreiras são usadas para proteger o conteúdo da embalagem, e devem ser seguras para o contato com alimentos, além de promover a sustentabilidade. As principais categorias de barreiras permitidas no Brasil, levando em conta normas de segurança alimentar e diretrizes ambientais são barreiras baseadas em polímeros plásticos; barreiras à base de celulose e papel; barreiras à base de biopolímeros; barreiras à base de alumínio; barreiras naturais e orgânicas; barreiras à base de nanotecnologia e barreiras compostáveis.
É importante frisar as considerações legais: as embalagens com barreiras devem passar por testes de migração de substâncias quando aplicadas em embalagens para alimentos. A ANVISA estabelece limites rigorosos para a migração de componentes das barreiras que podem entrar em contato com os alimentos; as normas da ANVISA para embalagens em contato com alimentos estão descritas na Resolução RDC nº 91/2001, e complementadas por atualizações e orientações posteriores, incluindo testes de segurança, compostabilidade e reciclabilidade; além da ANVISA, as embalagens precisam cumprir as diretrizes da ABNT NBR 15448, que trata das especificações para materiais biodegradáveis e compostáveis no Brasil.
As barreiras permitidas no mercado nacional são amplamente variadas e evoluem de acordo com o foco crescente em sustentabilidade e segurança alimentar. O Brasil segue regulamentações rigorosas, garantindo que os materiais usados como barreiras atendam às normas de segurança, sendo muitos deles sustentáveis, recicláveis ou compostáveis. A indústria nacional de embalagens está investindo fortemente em inovação para encontrar soluções eficientes e alinhadas às novas exigências ambientais.

5- Quais são os maiores desafios que o mercado enfrenta para evoluir no âmbito das barreiras?
O mercado de barreiras para embalagens enfrenta uma série de desafios que precisam ser superados para avançar no sentido de maior eficiência, sustentabilidade e segurança. Esses desafios estão relacionados a aspectos tecnológicos, econômicos, regulatórios e de infraestrutura. Dentre os principais obstáculos que o setor enfrenta estão o custo de produção elevado; desempenho funcional e competitividade; infraestrutura de reciclagem e compostagem; desafios regulamentares e certificações; aceitação pelo consumidor; desafios tecnológicos e inovação; capacitação e adaptação da indústria e descarte inadequado de embalagens sustentáveis.
O avanço no mercado de barreiras para embalagens enfrenta uma série de desafios que envolvem tanto o desenvolvimento de novas tecnologias quanto a adaptação da infraestrutura e da cadeia produtiva. As inovações tecnológicas estão crescendo, mas para que soluções sustentáveis se tornem uma realidade, é necessário que os custos sejam reduzidos, que a reciclagem e a compostagem sejam amplamente implementadas e que o consumidor e a indústria estejam devidamente educados e engajados no processo.


“O avanço das barreiras para embalagens no Brasil tem sido notável nos últimos anos, impulsionado por tendências globais de sustentabilidade, regulamentações ambientais mais rígidas e a crescente demanda do consumidor por produtos ecologicamente corretos”

6- O que impede ou faz as empresas pensarem duas vezes na hora de migrar de embalagens plásticas para embalagens de outros substratos com barreira? Viabilidade técnica? Legislação?
A decisão de migrar de embalagens plásticas tradicionais para embalagens de outros substratos com barreira envolve uma série de fatores que levam as empresas a refletir cuidadosamente antes de adotar essa mudança. A viabilidade técnica, os custos, a legislação e a aceitação do mercado são alguns dos principais elementos que influenciam essa escolha. A migração de embalagens plásticas para outros substratos com barreira envolve uma combinação de desafios técnicos, econômicos, regulatórios e operacionais. As empresas hesitam em adotar essa mudança devido a custos elevados, dificuldades com a infraestrutura de reciclagem, barreiras regulatórias, desempenho técnico e a aceitação do mercado. Embora exista um desejo crescente de investir em soluções mais sustentáveis, a transição só ocorrerá de forma mais ampla quando essas questões forem resolvidas, permitindo que as empresas encontrem um equilíbrio entre sustentabilidade, eficiência e viabilidade econômica.

7- O que podemos aprender com o mercado internacional em relação às barreiras?
O mercado internacional oferece valiosas lições para o Brasil e outras nações que buscam aprimorar suas soluções de barreiras para embalagens, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade, inovação tecnológica e práticas regulatórias. Ao observar os avanços de mercados mais maduros, podemos identificar tendências e práticas que podem ser adaptadas e aplicadas em nosso contexto local. Os principais aprendizados que o Brasil pode tirar do cenário internacional estão relacionados a inovação tecnológica e desenvolvimento de materiais; integração com economia circular; sustentabilidade como motor de inovação; conscientização e pressão dos consumidores; infraestrutura de reciclagem e compostagem e foco em educação e capacitação. A adoção dessas lições pode ajudar o Brasil a evoluir no uso de substratos alternativos com barreiras, criando um ciclo mais sustentável e competitivo no cenário global.

“O mercado de barreiras para embalagens enfrenta uma série de desafios que precisam ser superados para avançar no sentido de maior eficiência, sustentabilidade e segurança. Esses desafios estão relacionados a aspectos tecnológicos, econômicos, regulatórios e de infraestrutura”

8- Quais são os mercados que mais aplicam barreiras no Brasil e quais outros mercados podem ser atendidos? Exemplifique.
No Brasil, o uso de barreiras para embalagens é predominante em mercados específicos, principalmente aqueles que exigem proteção contra umidade, gases, luz, e contaminação, a fim de garantir a qualidade e a integridade dos produtos. Os mercados que mais aplicam barreiras no Brasil são o de alimentos e bebidas e cosméticos e higiene pessoal. Já os mercados emergentes que podem adotar barreiras são alimentos orgânicos e naturais; mercado Pet; e-commerce e varejo online; setor de embalagens sustentáveis; setor eletrônico e moda e vestuário.
Os mercados que mais aplicam barreiras no Brasil estão ligados à proteção de produtos de alto valor ou sensibilidade, como alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos e cosméticos. No entanto, há um potencial significativo de crescimento em setores como alimentos orgânicos, e-commerce, produtos para animais de estimação e eletrônicos. À medida que a sustentabilidade se torna uma prioridade, novas soluções de barreira compostáveis e recicláveis devem ganhar espaço, promovendo a inovação e o crescimento em mercados emergentes.

9- Falando agora de Nathural Group, quais são as soluções que vocês oferecem? E quais seriam os diferenciais da empresa?
A Nathural Group oferece uma gama de soluções para revestimentos sustentáveis (coatings) voltados para embalagens que atendem às demandas de barreiras ecológicas e eficientes. Essas soluções são ideais para indústrias que buscam substituir laminações plásticas por alternativas mais sustentáveis, melhorando a reciclabilidade e a compostabilidade de suas embalagens.
Não apenas proporcionamos soluções de barreira eficientes, mas fazemos isso de forma que reduz o impacto ambiental das embalagens, facilitando a reciclagem e decomposição dos materiais. Esses diferenciais tornam a Nathural Group uma parceira estratégica para empresas que buscam inovação e sustentabilidade no desenvolvimento de suas embalagens.

10- A Nathural Group lançou recentemente o BioCoating. Compartilhe conosco detalhes dessa solução.
O BioCoating é uma solução inovadora e sustentável de revestimento para embalagens e foi desenvolvido com o objetivo de fornecer uma alternativa ecológica às laminações plásticas tradicionais, oferecendo proteção de barreira sem comprometer a reciclabilidade ou compostabilidade do material de embalagem.
O BioCoating tem a sustentabilidade como foco central, sendo composto por materiais biodegradáveis e compostáveis e projetado para reduzir o impacto ambiental das embalagens, contribuindo para a criação de embalagens totalmente repolpáveis e que podem ser recicladas no ciclo de papel, além de serem compostáveis quando corretamente descartadas. Além disso, oferece excelente proteção contra umidade e pode ser aplicado em substratos como papel, papelcartão e polpa moldada, agregando propriedades de barreira a esses materiais. Isso faz com que embalagens de papel possam substituir aquelas tradicionalmente feitas com plástico ou revestimentos plásticos multicamadas, oferecendo uma solução mais ecológica. Sobre sua versatilidade de uso, o BioCoating pode ser utilizado em diversos setores, como alimentação, e produtos de higiene, oferecendo uma barreira eficiente e sustentável sem comprometer a reciclabilidade do substrato. É ideal para produtos que necessitam de proteção contra fatores externos, mantendo a integridade por mais tempo. Por fim, o BioCoating foi projetado para ser facilmente integrado aos processos de produção já existentes, sem a necessidade de grandes modificações nas linhas de produção, o que facilita a implementação por parte das empresas. E claro, segue as regulamentações de sustentabilidade e segurança alimentar mais exigentes do mercado, garantindo que as embalagens que utilizam essa solução atendam a todos os requisitos de segurança e desempenho.
O BioCoating é uma resposta direta à crescente demanda do mercado por soluções que unam performance de barreira e sustentabilidade ambiental. Essa inovação da Nathural Group visa não apenas fornecer uma solução eficiente, mas também contribuir para a redução de resíduos plásticos e a melhoria das práticas de reciclagem no Brasil. Com o BioCoating, a Nathural Group continua se posicionando como líder em soluções sustentáveis para embalagens, oferecendo alternativas de alta performance e baixo impacto ambiental para diversos setores.

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