Mercado e consumidores estão mais comprometidos com a transformação sustentável das embalagens
Por Jack Strimber*
Se olharmos ao nosso redor, praticamente tudo o que consumimos vem embalado, seja em sacolas plásticas, caixas, potes, frascos ou outros materiais que fazem parte da rotina de consumo. O problema é que, passada a função de proteger, armazenar ou transportar, esses itens rapidamente se transformam em resíduos.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, cerca de um terço de todo o lixo doméstico no país tem origem nas embalagens. Além de impactar o meio ambiente – comprometendo ecossistemas, obstruindo redes de esgoto e colocando em risco a vida animal –, o descarte inadequado também traz consequências reputacionais para as empresas, diante de um público que tem se revelado atento e exigente.
Hoje, a sustentabilidade é uma expectativa do consumidor: 58% dos brasileiros valorizam selos e certificações socioambientais na hora da compra, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC). No setor de higiene e beleza, por exemplo, 31% dos consumidores priorizam embalagens recicláveis ou biodegradáveis. Já na categoria de produtos de limpeza, 47% preferem embalagens de refil, enquanto 45% escolhem as recicláveis.
A prática de ações de responsabilidade ambiental, no entanto, ainda é desafiadora para a maioria das empresas. No ramo das embalagens, apesar dos avanços, ainda há entraves que dificultam a expansão desse mercado no Brasil. O alto custo de produção das embalagens sustentáveis em relação às convencionais é um dos desafios, reflexo da baixa escala, da cadeia de suprimentos pouco desenvolvida e dos problemas logísticos.
Porém, os avanços precisam ser comemorados. Propostas mais responsáveis têm sido implementadas a partir da combinação de sustentabilidade, tecnologia e personalização. Há soluções compostáveis no mercado – em menor escala – que, além de reduzir o impacto ambiental, têm funcionalidades similares às exigidas por diferentes segmentos de produtos, desde cosméticos até alimentos e suplementos.
É claro que ainda há um longo caminho a percorrer, mas há espaço para iniciativas responsáveis que atendam à demanda por produtos que causam menos impacto e à crescente pressão por parte dos consumidores e das regulamentações.
O mercado global de embalagens biodegradáveis foi estimado em US$ 105,26 bilhões em 2024, segundo levantamento da Mordor Intelligence, e a expectativa é que atinja mais de US$ 140 bilhões até 2029, crescendo a uma taxa anual composta de 5,97% durante esse período. Uma importante oportunidade para quem quer diversificar seu mix de produtos com foco em responsabilidade ambiental.
Contudo, é importante lembrar que não se trata apenas de atender à legislação ou responder às pressões do consumidor. É providencial desenvolver uma proposta de avanço nos modelos de negócio, de forma que sejam mais inteligentes, éticos e alinhados aos desafios do nosso tempo. O setor de embalagens tem, diante de si, a oportunidade de ser protagonista de uma inovação que tanto o mercado quanto o planeta já demandam.
**As opiniões expressas e os dados apresentados em artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento dos editores do Conecta Verde.





















