Esta é uma reflexão para repensarmos hábitos de consumo e reforçar a necessidade em reduzir impacto ambiental
Por Ricardo Marques Sastre*
Chegamos a mais um final de ano e, como sempre, a correria aumenta para cumprir a lista de metas e tarefas que não devem ultrapassar dezembro. Além disso, é bastante comum as empresas e as pessoas fazerem uma limpeza geral para descartar tudo aquilo que possivelmente não será mais utilizado. Nada melhor do que iniciar um novo ciclo mais leve, afinal, aprendemos a descartar para voltar a consumir. Esse é o modelo linear instituído desde a revolução industrial: produzir, consumir e descartar.
Dentre os itens que foram eliminados, quais deles foram necessários ou cumpriram alguma função importante? Em cada feira ou evento, saímos cheios de sacolas com brindes ou propagandas, e o que não foi consumido durante o ano, possivelmente entrará na montanha de materiais dispensáveis. Realizada a limpeza, agora é encontrar espaço em alguma lixeira da cidade e, automaticamente, o problema será solucionado. Missão cumprida! Já podemos sair de férias.
Este não é o fim de vida de tudo que foi descartado. É o início de mais uma etapa, a de reciclagem, caso os itens estejam separados e gerem valor para serem reparados, reusados ou reaproveitados como matéria-prima em um novo ciclo. Uma grande parte desses artefatos serão classificados como rejeitos e encaminhados para aterros sanitários.
Além da limpeza de final de ano, outro hábito antigo foi instituído em nossa sociedade nesta época do ano: trocar presentes no Natal. Este ato possui um simbolismo forte, importante e agregador. Presenteamos os colegas de trabalho na confraternização de final do ano, os amigos mais próximos e nossos familiares na noite de Natal. O comércio se prepara para receber um número elevado de consumidores e conta com este faturamento para compensar outros meses com menor movimento. As campanhas publicitárias são veiculadas com antecedência para estimular o consumo. E não basta consumir, é preciso gerar experiências positivas para quem receberá os presentes. Embalagens sofisticadas e com acabamentos especiais, laços, fitas, envoltórios metalizados e outros acessórios aparecem para cumprir essa missão importante de agregar valor ao presente. No dia 25 de dezembro estas embalagens começam a mudar de lugar, se distanciam do alcance dos olhos e ocupam seus espaços em gavetas para aguardar a próxima limpeza de final do ano ou são descartadas. Afinal de contas, ela cumpriu sua breve missão.
Conversando com as cooperativas e observando as características desses envoltórios utilizados no Natal, percebe-se dificuldade em reciclar estes itens, seja por mistura de materiais, excesso de acabamentos e/ou materiais difíceis ou sem valor para reciclagem. Novamente enfeitaremos os aterros sanitários com itens que poderiam ser evitados.
Esta é uma reflexão para repensarmos nossos hábitos de consumo e reforçar a necessidade em reduzir impacto ambiental. Não temos mais tempo, as ações precisam ser rápidas e efetivas. Nosso planeta esgotou.
Antes de acumular, repense se o artefato será útil ou necessário. Seja proativo, será um item a menos para descartar no final do ano. Temos mais canetas do que necessidade de escrever e mais canecas do que pessoas. Se pensarmos em todos os itens, iremos perceber o quanto desperdiçamos ao longo de nossas vidas. Reflita sobre a necessidade de distribuir tantos presentes no final do ano. Fazer amigo secreto é uma forma de reduzir, principalmente na família. Percebo este recurso sendo cada vez mais utilizado, é mais econômico e reduz a geração de resíduos.
Seja criativo, opte por embalagens mais simples, sem comprometer a experiência de quem receberá o presente. Pondere não utilizar embalagem; reaproveite um tecido ou algum envoltório do ano anterior; pense em algum objeto que possa ser utilizado como embalagem temporária. Compre presentes úteis, com menor impacto ambiental e escolha empresas sérias que se preocupam com o meio ambiente e que estão dispostas a auxiliar na logística reversa e gestão de resíduos.
Não esqueça que nessa época do ano o consumo aumenta significativamente e tudo o que não for utilizado será enviado para aterros sanitários, aumentando o impacto ambiental e sua contribuição para a transformação climática negativa do mundo.
Dê um presente de Natal para o planeta: adote o consumo consciente!
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