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Projeto apoiado pelo Fundo JBS pela Amazônia desenvolve bioplástico a partir de resíduo da castanha-do-Brasil

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Cooperação entre diferentes organizações completou um ano em agosto e prevê o desenvolvimento da bioeconomia

 

 

Editado por Flavius Deliberalli / Crédito da imagem: Fundo JBS pela Amazonia

O projeto Bioplástico, que completou um ano de desenvolvimento no último mês de agosto, é fruto de uma colaboração entre comunidades amazônicas, empresas, ONGs e pesquisadores de universidades, e tem como objetivo desenvolver e produzir, em escala de produção comercial, um tipo especial de plástico composto parcialmente por fibras do ouriço da castanha-do-Brasil. E tudo isso visa responder a um dos maiores desafios ambientais contemporâneos, que é o uso de plástico derivado do petróleo.

Além do suporte financeira do Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) e do Programa Prioritário em Bioeconomia (PPBIO), política pública da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), a iniciativa é liderada pela fundação World-Transforming Technologies (WTT), organização latino-americana focada em inovações tecnológicas de impacto socioambiental, e iniciou em 2022 com o trabalho de campo, pesquisa e articulação entre organizações.

De acordo com as partes envolvidas, a versão sustentável do polipropileno vem sendo elaborada a partir de matéria proveniente do ouriço da castanha, uma espécie de coco que armazena as amêndoas de castanha, considerado um resíduo ainda sem aproveitamento dentro da cadeia produtiva. O material poderá ser aplicado em uma ampla variedade de produtos, como protetores, embalagens, tampas, alças, recipientes, entre outros, atendendo às exigências técnicas e econômicas da indústria.

As partes envolvidas informaram que além disso, o projeto insere-se na perspectiva da bioeconomia, priorizando a conservação dos biomas e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades amazônicas envolvidas na coleta e preparação do material. Com isso, estima-se a geração de R$ 4,8 milhões em renda para as comunidades envolvidas, dentro de um faturamento total de R$ 20 milhões nos três anos iniciais de comercialização, assim como uma redução significativa de mais de 300 toneladas de emissão de CO2 nesse período.

Os envolvidos no projeto também destacaram que em uma estimativa conservadora, o novo plástico poderá substituir até 18% da produção de polipropileno convencional da TutiPlast, empresa parceira no projeto, já no terceiro ano de sua chegada ao mercado.

“Foi na cadeia produtiva da castanha que identificamos uma maior segurança de produção, de sustentabilidade ambiental e de retorno para as comunidades. Encontrar uma cadeia com essas características foi um desafio, porém foi gratificante porque a gente sabe que ela vai funcionar e vai trazer retorno para as comunidades ribeirinhas que já trabalham com castanha”, explica Marcus Biazatti, coordenador técnico do Idesam.

No âmbito da pesquisa científica, os pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) atuam no laboratório da Escola Superior de Tecnologia (EST) com uma equipe de docentes da universidade, bolsistas, voluntários e professores de outras instituições. O processo envolve a trituração e moagem do material para que, em seguida, possam ser feitos os testes experimentais com o objetivo de encontrar a quantidade exata de material que irá substituir ou reforçar o polímero.

“Ao reduzirmos o consumo do plástico comum, estamos pensando na sustentabilidade. Esse projeto é interessante pelo fato de estarmos unindo quatro vertentes nesse esforço: a academia, o governo, a indústria e a comunidade. É um exemplo claro do conceito da hélice quadrupla de inovação”, explica Roger Bello, professor do curso de Engenharia de Materiais da UEA e coordenador de pesquisa do projeto.

“O desenvolvimento de pesquisas disruptivas voltadas para bioprodutos valoriza a sociobiodiversidade da Amazônia, gera valor para negócios comunitários da floresta em pé e leva a matéria-prima local para a indústria em escala. Isso é fundamental para a geração de renda local e inclusão social”, destaca Joanita Karoleski, presidente do FJBSA.

Os próximos passos do projeto envolvem a instalação de maquinário e a consolidação do galpão para o processamento inicial do ouriço em uma associação de produtores agroextrativistas no município de Lábrea (AM), assim como a validação da logística de transporte para Manaus (AM). No âmbito das pesquisas científicas, as etapas de tratamento químico superficial do ouriço, que envolvem o processo de branqueamento da fibra, e as análises microscópicas de grânulos caminham para a reta final. Os pesquisadores destacam ainda que os testes para a produção do biocompósito total apresentam bons resultados.

Mais informações:

Fundo JBS pela Amazônia
www.fundojbsamazonia.org/

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