Em entrevista exclusiva, executivas da marca revelam como estão lidando com os desafios do mercado brasileiro
Por Elen Nunes / Editado por Flavius Deliberalli
A beleza limpa, ou clean beauty, é um caminho sem volta. E para este ciclo ser completo, não bastam os produtos serem naturais. As embalagens e todo o processo de descarte e reciclagem precisam acompanhar.
Nesta entrevista exclusiva, Ana Lia Vandoni, gerente sênior global de educação, e Nancy Wirattigowit, associada de desenvolvimento de embalagens, revelam detalhes sobre a atuação da Biossance .
Confira agora:
1- A Biossance é uma empresa americana que chegou ao Brasil em 2018. Como tem sido desbravar o mercado em relação ao interesse do brasileiro por produtos mais naturais? Como é esse consumidor Biosssance no nosso país?
Desbravar o mercado brasileiro em uma empresa que traz educação como seu pilar base é simplesmente maravilhoso. A Biossance chega ao Brasil um ano após ser lançada nos Estados Unidos como marca pioneira em beleza limpa – na época, a única marca na Sephora a usar essa terminologia.
Entendemos o movimento de clean beauty como um caminho sem volta. Uma vez compreendido o ciclo e a alta eficácia dos produtos na pele e o impacto positivo para o planeta, é impossível retroceder.
Trabalhamos com beleza limpa através da biotecnologia sustentável. Com isso, trazemos muito conteúdo educativo aos nossos consumidores. No Brasil, existe uma grande comunidade que hoje consome esse conteúdo e antes acreditava que beleza limpa não podia ter eficácia.
2- A marca se posiciona como “a primeira marca de beleza limpa e com selo EWG no Brasil”. Conte mais detalhes sobre esse conceito e iniciativas que sustentam essa descrição?
Somos pioneiros nesse termo e a criar o movimento de que é possível ter um cosmético limpo, com resultados incríveis comprovados clinicamente e sem deixar de lado a preocupação com o meio ambiente.
O EWG é um órgão internacional que certifica que nossos produtos não trazem nenhum tipo de impacto para o meio ambiente. Além disso, nossos próprios padrões de produção são muito elevados: nosso laboratório segue padrões de certificação My Green Lab e banimos mais de 2000 ingredientes tóxicos para a pele e/ou para o planeta. Temos, ainda associação com muitos outros órgãos mundialmente conhecidos que são pró-natureza e nos orgulhamos muito disso!
“Entendemos o movimento de clean beauty como um caminho sem volta. Uma vez compreendido o ciclo e a alta eficácia dos produtos na pele e o impacto positivo para o planeta, é impossível retroceder.”
3- Qual a opinião de vocês sobre sustentabilidade/impacto ambiental no setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC)? Como o mercado tem atendido essa demanda do planeta e, consequentemente, do novo e mais informado consumidor?
Existe uma pesquisa americana de 2016 que diz que o consumidor usa em média doze produtos de beleza todos os dias. Imagine cada um desses consumidores descartando embalagens não sustentáveis de forma indiscriminada. É impossível não pensar sobre isso! Quando uma marca como a Biossance nasce com esse propósito, a tendência é sempre se desafiar a criar embalagens ainda melhores. Já para as marcas que estão no mercado há anos, é uma questão de adaptação a essa nova forma de consumo. Precisamos realmente rever nosso conceito de cosméticos e a forma que impactamos o meio ambiente. O problema não está em consumir esse mercado, mas em como esse consumo é feito. Na Biossance, dizemos que estamos mudando o mundo um produto por vez.
4- Um dos maiores desafios da indústria é unir qualidade com acessibilidade nos produtos chamados “mais sustentáveis”. Quais os desafios que a Biossance encontra a fim de tornar esses produtos acessíveis (financeiramente) em relação aos convencionais?
A Biossance é uma marca californiana, nossa tecnologia é importada, assim como nossos produtos. E dentro desse cenário existem desafios. Nossa missão é tornar possível o acesso do consumidor a produtos sustentáveis e com alta performance, e sabemos que ao iniciar um movimento como este, outras marcas consequentemente também irão se renovar nesse conceito. E quanto mais marcas aderirem a esse mercado, mais aliados teremos para atingir o objetivo.
“Imagine cada um desses consumidores descartando embalagens não sustentáveis de forma indiscriminada. É impossível não pensar sobre isso!”
5- Há outras iniciativas de destaque da marca com foco em redução de impacto ambiental? De produtos ou de ações em prol do meio ambiente?
Estamos sempre em busca de melhorias! Nos laboratórios, nossos cientistas trabalham constantemente em pesquisas para reinventar os ingredientes e evitar a extração da natureza. Com a nossa biotecnologia, recriamos alternativas idênticas de forma totalmente sustentável. Como foi o caso do bisabolol, do esqualano, do patchouli, do hemiesqualano e de vários outros ingredientes produzidos. Além disso, nossas embalagens são conscientes: as caixas dos nossos produtos são feitas com fibras de cana-de-açúcar, por exemplo.
Ainda temos diversas certificações, como Carbon Neutral, My Green Lab, PETA, Leaping Bunny, ECOCERT, EWG, USDA Certified Biobased Product, Oceana, entre outros selos e certificações que garantem que a nossa preocupação com a qualidade dos ingredientes e com a sustentabilidade é legítima. Nosso trabalho pela mudança na indústria de beleza é grande e incessante, mas acreditamos muito no movimento e nessa jornada.
6- A Biossance acaba de lançar o Esfoliante Corporal Enzimático com Açúcar e Esqualano que conta com “uma embalagem inovadora desenvolvida através de cordas e redes de pesca abandonadas no mar, que atualmente representam a maior parte de todo o lixo plástico marinho”. Descreva com detalhes o desenvolvimento dessa embalagem. Como foi idealizada? A criação das embalagens é desenvolvimento interno ou contam com parceiros? Por favor, fale também sobre o processo de transformação das cordas de redes de pesca em resina para a produção de embalagens e se esse materual pode ser reciclado novamente.
Ficamos felizes ao saber que nosso fornecedor, ICS, oferecia “plástico do oceano” na época, pois há grande sinergia com o DNA da nossa marca. O desenvolvimento da embalagem é interno, mas temos fornecedores externos que fabricam e enviam os componentes para nossas envasadoras. Os itens marítimos são recolhidos e decompostos em pellets pela Plastix, fabricante dinamarquesa de tecnologia limpa de plásticos verdes, em um local de reciclagem. Os pellets são então enviados ao nosso fornecedor para a fabricação de tubos. Os tubos devem poder ser reciclados novamente, mas isso dependerá da localização do cliente/centro de reciclagem local.
7- Se os tubos podem ser reciclados novamente, quais ações são realizadas em prol de conscientizar o consumidor Biossance a descartar a embalagem de forma correta, para contemplar a circularidade dessa embalagem?
Com o intuito de sempre inovar e melhorar, enquanto ainda não temos um ponto de venda físico que possibilite a coleta e reciclagem direta das embalagens, trabalhamos em forte parceria com a eureciclo, que hoje é responsável pela compensação de 200% dos produtos vendidos no site Biossance. Além disso, temos um espaço reservado na grade de conteúdo que é dedicado à sustentabilidade a fim de educar nosso consumidor.